Eu retiro a tampinha, inspiro o aroma do Leite de Rosas, e sinto a ternura do abraço de minha avó, o cheiro de sua pele depois de termos tomado banho, naquele antigo banheiro de azulejos verdes. Eu era uma criança de seis anos que observava e imitava tudo que os mais velhos faziam. Fiquei fascinada quando vi aquela senhora gordinha, de cabelos branquinhos e grandes olhos azuis, espalhando a loção por todo o seu corpo. Com o tempo, e outros banhos, percebi que aquele ritual repetia-se diariamente e que, quando ia procurar o aconchego e a segurança de seus braços, podia sentir o aroma de Rosa, minha avó.
Até hoje, sempre que entro em uma farmácia, pego, discretamente, um Leite de Rosas e vou ao encontro de minha querida avó, através de seu perfume. Esse produto se transformou na lembrança de sua meiguice e dedicação plena, da sua cadeira de balanço, da sua cama quentinha, das maçãs raspadinhas, do encanto e força de seus olhos, enfim, dela e de tudo que se refere a ela. È maravilhoso como isso se faz possível, basta inspirar e fechar os olhos, que penetramos nas mais antigas e puras recordações, sejam essas de um presente, de um passeio, ou de um sorriso.
O fato é que, na minha concepção, existe uma relação perfeita e indissolúvel: o Leite de Rosas foi feito de rosas para Rosa. E, como dizem, a Rosa não seria menos bela ou menos perfumada, se pelo seu nome não fosse chamada. Dessa forma, por mim, o Leite de Rosas poderia ter qualquer outro nome, pois teria o mesmo aroma e significado, mas eu, particularmente, já o declaro como “Perfume de Rosa”.
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