Uma reflexão sobre a felicidade

Esses dias me encontrei com um amigo especial do passado e ele me deu um longo abraço. Conversando, ele resumiu o que sentiu citando parte de uma música: “Foi bom te ver, saber que você é feliz...”. Eu, que não conhecia a música, fui pesquisar na internet e fiquei admirada por encontrar uma letra linda de amor. Passado meu encantamento, questionei:

- Mas e você não é feliz?

- Sempre fui feliz, não sei se por sorte ou conformismo. – Ele respondeu.

Eu retribuí apenas com uma risada simpática, pois não soube o que dizer, mas aquela frase foi tão complexa e tão profunda que ficou martelando na minha cabeça e me inspirou a fazer algo que há muito tempo eu não fazia: escrever.

Será que se encontrarmos felicidade em todas as pequenas coisas da vida nos transformaremos em pequenos também? Qual é o limite entre tirar satisfação da realidade e não ter coragem de querer mais?

Tem gente que tem saúde, beleza, estudo, trabalho, tem família e um amor e, ainda assim não é feliz. Dizem que é bom valorizar o que a vida nos dá, receber amigos de braços abertos, dar carinho ao seu companheiro, saber ser feliz com o que se tem, não é mesmo? Na verdade, não sei.

E se você pode ser mais saudável, mais bonito, mais culto, mais batalhador? E se você puder se dedicar mais a sua família, a conhecê-la, a aprender com ela e a ensinar-lhe algo novo? E se o seu companheiro se reduziu apenas a uma boa companhia com quem você tem um bom sexo?  Existe algum problema em você querer mais? Ter ambição? Querer ser promovido, ou mudar de emprego, ou até de profissão?  E se você quiser ter a SUA família? Quem pode condenar você por isso? E se você descobrir que está com uma pessoa por inércia, porque gosta, mas não porque ama. Quem vai te culpar por querer viver um novo amor, uma nova paixão, por querer intensidade? Ninguém vai punir você além de você mesmo.

Desde pequena eu soube que uma escolha desencadeava uma renúncia. A escolha que você fizer pode até magoar alguém, mas vai mudar fundamentalmente o rumo da SUA vida e é por isso que a decisão é SUA. No entanto, as coisas da vida nem sempre são tão definitivas e se você arriscar e perder, existirão outros momentos para você correr atrás do prejuízo, pedir perdão, consertar as coisas.

Carlos Drummond de Andrade já dizia: “Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.” Se tem uma coisa que me atormenta é o famoso “e se?”. E se eu tivesse feito diferente, arriscado, dado a cara a tapa?

Cada um sabe a sua dor, o seu amor, o seu sonho. Não acho que você deve jogar suas conquistas pro alto atrás de novas, pelo menos não sempre. Acho que às vezes, é preciso se examinar. Temos sorte ou conformismo? O que é a felicidade, ou melhor, o que é a SUA felicidade?  É um estado de espírito? É uma coleção de bons momentos? Só você pode saber.

Seja feliz, mas não deixe que isso o impeça de querer mais e, de vez enquando, também de ir atrás do que quer. ­